À medida que cresce a pressão pela adoção de parâmetros ESG na gestão empresarial, aumenta também a tendência por maior transparência e disclosure de informações.
Cabe à empresa demonstrar às partes interessadas seu desempenho, não só econômico-financeiros, mas todos aqueles relacionados à complexidade e à totalidade das suas operações: como o negócio se relaciona com o meio ambiente, quais são as políticas para colaboradores, incluindo a participação de resultados e valores pagos a altos executivos a título de bônus, como é e de que forma é gerenciado seu supply chain, o que é feito pela empresa para garantir a ausência de trabalho infantil e análogo ao escravo em sua cadeia de valor, quem são os seus clientes, quais são os principais impactos dos produtos e dos seus processos de produção, etc.
A informação assimétrica pode fazer com que um impacto não seja entendido, percebido ou avaliado, como operações que produzem impactos negativos em uma determinada comunidade do entorno, e quando investidores e tomadores de decisão, stakeholders em geral, optam por algo que não seria o mais adequada, caso houvesse a informação completa. Por isso, um tema que será cada vez mais fundamental é o envolvimento ativo dos investidores na demanda por melhor qualidade de dados ESG. Por conta dessa solicitação, as empresas devem (i) mensurar o impacto de suas iniciativas e ações, e (ii) ser transparentes com o mercado, dando aos clientes a possibilidade de escolher o que querem consumir e, aos seus investidores, novas alternativas de alocação.
Desta forma, o desafio colocado para todas as empresas é a necessidade de maior transparência e acesso à informação. Transparência efetiva ocorre quando a empresa fornece ou torna disponíveis dados apropriados e com tempestividade para os stakeholders relevantes, com a intenção de otimizar processos de decisão que conduzam a resultados mais sustentáveis. Com mais acesso a informações (mais disponíveis, mais fácil de encontrar, analisar e verificar com ajuda de inteligência artificial) e a consistência desses dados também será tema crucial para as empresas.
Atento a essa tendência, o Conselho Consultivo do Global Reporting Initiative (GRI) no Brasil criou o Observatório da Transparência [1] e divulgou a sua primeira lista de empresas mais transparentes em sustentabilidade. Para a elaboração deste levantamento, o Observatório contou com parceria técnica da Resultante Consultoria, que elaborou e aplicou o filtro de avaliação, e da Walk4Good, que fez o monitoramento de mídia que subsidiou a segunda análise de controvérsias. A pesquisa foi realizada com base na avaliação de relatórios anuais, integrados e de sustentabilidade a partir de critérios vinculados aos princípios da GRI (princípios de definição de conteúdo e de qualidade do conteúdo). Dentre os pontos avaliados estão: divulgação do relatório de sustentabilidade em momento oportuno, avaliação por uma instituição independente e coerência em relação ao que se divulga em releases financeiros ou no Formulário de Referência enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Texto de Mariana Kohler
[1] O Observatório da Transparência utiliza os seguintes critérios eliminatórios: a comparabilidade (informações do relatório devem ser comparáveis de um ano para outro), a tempestividade (as informações, por meio do relatório, devem ser disponibilizadas em tempo apropriado para as partes interessadas tomarem decisão), a confiabilidade (a organização relatora deve evidenciar as informações e processos que utilizou para elaborar o relatório e considerou as que realizaram verificação externa), e a materialidade (metodologia utilizada para identificação de temas materiais para a organização e seus stakeholders, além da frequência pela qual são revisadas).